quarta-feira, 9 de abril de 2014

São gritos que penso, que calo assim

Hoje estive a falar quase o dia todo com a Sílvia (a rapariga que me incentivou a criar este blog) e acabamos por discutir vários assuntos e descobri nela uma pessoa com uma mentalidade muito mais aberta do que aquilo que eu pensava. Fomos de discutir o sentido da vida até assuntos como a homossexualidade, eutanásia e o poder da religião na sociedade. De entre destes assuntos polémicos acabou por vir à bala temas como o suicídio e a automutilação. Eu nem sabia onde me meter.. Se calhar eu devia explicar melhor: eu fui diagnosticada com um transtorno de personalidade, já estive internada mais que uma vez em psiquiatria e automutilação já o faço há um ano (embora menos frequente ultimamente). Ela disse me que não tinha opinião formada sobre a automutilação e a certa altura ela chegou mesmo a perguntar-me "porque é que achas que as pessoas se cortam?" (mal sabe ela que eu estou cheia de cortes nos braços- cicatrizes antigas do inicio do ano lectivo que eu pensei iriam desaparecer até ao verão, mas parece que não :s ). Eu tentei dar-lhe a opinião que já tinha antes de o fazer. Primeiro expliquei lhe a parte da psicologia, o porquê de nós termos estes comportamentos! Até fui buscar um quadro a explicar xD Queria mesmo que ela indirectamente me percebesse e que não me julgasse. No final perguntei-lhe o que achava agora que ela estava mais esclarecida sobre o assunto e ela disse-me que compreendia os motivos que levavam as pessoas que ter estes comportamentos, mas que talvez não fosse a melhor forma de lidar com as emoções negativas. De seguida, ela perguntou-me a minha opinião sobre o assunto e eu simplesmente lhe disse que concordava que não era a melhor solução, mas que mesmo assim as pessoas não deviam julgar ou olhar para alguém que se corta de uma forma diferente: continuam a ser as mesmas pessoas.
Quinta-feira vou ter uma visita de estudo. Estou a pensar em contar-lhe pessoalmente para ela não ser apanhada completamente de surpresa quando eu tiver de andar em manga curta. Durante a conversa passou-me pela cabeça que ela alguma vez tivesse visto os meus pulsos, mas pensando bem ela é bastante frontal e genuína, acho que ela me teria dito algo sobre o assunto. Arrependo-me imenso de me ter cortado em zonas visíveis (estava a passar uma fase bastante complicada, foi quando os meus pais descobriram e basicamente contaram a várias pessoas, incluindo o meu antigo grupo de amigos. Sentia que a minha vida estava arruinada e que já não tinha que esconder nada. Embora de vez em quando pensasse no verão, estava mesmo convicta que as cicatrizes não eram assim tão profundas a ponto de não desaparecerem num período de certa de 6 meses).
Tenho imenso medo de quando chegar a época do calor intenso, não vou saber enfrentar a minha turma (porque eu sou sempre a miúda alegre que conta piadas- o palhaço da turma basicamente) e também a minha família (mesmo que não gostem muito da minha personalidade atual, eu já fui pequena. Quando olho para as minhas fotos de criança, sinto-me extremamente culpada. É essa a imagem que os meus pais ainda preservam de mim apesar de tudo, a filha que criaram desde pequena e que por alguma razão se perdeu a ponto de se tentar suicidar. Ainda por cima como têm uma mentalidade extremamente fechada,sinto que não passo de uma desilusão e de algo que os ultrapassa, pois não me conseguem compreender- não que me tratem mal, simplesmente não me compreendem.)
Eu sinceramente já só quero que o verão chegue por um lado, porque esta ansiedade toda sobre a possível reação das pessoas está a deixar-me doida...

5 comentários:

  1. Não compreendo as pessoas que se automuliam, nunca passei por isso e não conheço ninguém que tenha passado. Mas acredito que não seja a melhor forma de lidar com a situação. Acho que fazes bem em contar e espero que a tua amiga te ajude a ultrapassar esse problema! Não tenhas medo do que os outros possam pensar, mentaliza-te primeiro de que agora o que importa é ficares boa :) força, luta por ti*

    R.: é o que procuro fazer. Já tive algumas relações e alguns desgostos, por isso procuro aconselhar da melhor forma possível. Mas cada um sente de maneira diferente, parece sempre que não sei dizer as palavras certas...

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  2. Muita força querida. Desculpa a expressão, mas caga nos outros, trata de ti e não penses nos o que os outros vão pensar de ti. Tu não podes sentir-te culpada em relação a filha que és, os teus pais devem de ter imenso orgulho em ti apenas não sabem o que podem fazer para te ajudar e para te sentires melhor.

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  3. Esse não é um assunto que me seja estranho, do ponto de vista profissional. Sei o que é, o que motiva e os tratamentos, porque sim, há tratamentos e terapia para isso, e nem sempre os internamentos são a melhor solução. Espero que a fase má já tenha passado ou que, pelo menos, esteja controlada. E não hesites em pedir ajuda especializada se precisares. Força!
    R: Não tenho por hábito responder aos comentários todos individualmente, felizmente são alguns e nem sempre consigo, mas não é por mal... Obrigada por teres partilhado uma recordação tua!

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  4. Vou ter de arranjar um relógio daqueles ahah

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  5. quero-te dizer que li alguns post´s teus e se quiseres falar podes contar comigo. Nós devemos de ter orgulho em nós independentemente de que os outros dizem. Tu é que tens de gostar de ti em primeiro lugar. Procura a tua felicidade. Não cometas o erro de pores fim à tua vida. És uma pessoa muito especial, nunca duvides do teu valor. Pensa nos teus pais e familiares, eles irão sentir muito a tua falta.
    Não digo que eu própria nunca tenha pensado também nisso porque pensei, mas no final de algum tempo tudo se resolveu. E de certo irá acontecer o mesmo contigo. Força, nós estamos aqui contigo :)

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